Fonte: JC Online, acesso em 24/01/2011.
No último dia 21, o JC Online divulgou mais um índice em que Jaboatão aparece entre os primeiros. Mas não há muito o que comemorar, pois o índice divulgado foi o de cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes onde a falta de rede coletora e de tratamento de esgoto contribuiu muito para o adoecimento da população em 2008, onde Jaboatão aparece em 6º lugar, de 81 cidades avaliadas como as piores em saneamento básico.
A situação precária de Jaboatão e de outras cidades brasileiras está exposta numa pesquisa divulgada esta semana, encomendada pelo Instituto Trata Brasil, organização que integra movimento pelo saneamento básico. “Ficou clara a relação entre a falta de saneamento e as doenças”, diz o biólogo Judicael Clevelário Júnior. Ele e a demógrafa Denise Maria Penna Kronemberger elaboraram o estudo. Segundo Judicael Júnior, foram comparadas informações do banco de dados do Ministério da Saúde sobre hospitalizações por diarreia e a cobertura de esgoto informada pelas companhias de saneamento de Estados e municípios. A pesquisa deteve-se ao período de 2003 a 2008.
Segundo o Instituto Trata Brasil, de cada 100 mil habitantes, 219 foram hospitalizados com diarreia, doença que mais tem a ver com a contaminação da água por dejetos como o cocô humano. Jaboatão só tem 8% dos moradores com acesso à coleta de esgoto. Em cidades mais bem saneadas, a taxa média é de 49 internações por cada grupo de 100 mil.
“Há dois Brasis. O primeiro, formado por municípios com elevados níveis de cobertura e menos sujeitos a doenças. No segundo, predominam localidades mais pobres, desassistidas de condições mínimas de esgotamento sanitário e exposta a enfermidades”, avalia Édison Carlos, presidente-executivo do Trata Brasil. Em Pernambuco, além de Jaboatão, foram estudadas Recife, Olinda e Paulista, também na Região Metropolitana e com cobertura de esgoto em torno de um terço. Enquanto as três demonstraram redução de internamentos no período, Jaboatão manteve a mesma média. Entre 2003 e 2008, a taxa de internação por diarreia no Recife foi de 102 por 100 mil habitantes. Em Olinda foi de 104 e, em Paulista, 71. Recife e Paulista têm 37% das casas com coleta de esgoto. Em Olinda a cobertura é de 34%.
“Jaboatão merece uma atenção especial”, avalia Judicael Júnior. Segundo ele, o cenário afeta sobretudo o desenvolvimento das crianças que hoje adoecem. “É um tiro no futuro. Há uma associação perversa entre saneamento ambiental inadequado, diarreia e pobreza. São fatores que se alimentam”, observa. Ele lembra que garantir tratamento de esgoto é proteger também as fontes de abastecimento d’água.
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